Mais de 60% dos argentinos viram preços de produtos e serviços que costumam consumir subirem mais de 50% nos últimos seis meses e 88% consideram que a atual situação econômica está ruim. É o que constata a pesquisa divulgada nesta terça (19), realizada entre 15 e 18 de março pelo instituto AtlasIntel.
Quando questionados sobre aumentos de preços, 62,1% dos entrevistados afirmaram que subiram “descontroladamente”, ou mais de 50%, 20% que encareceram consideravelmente, entre 30 e 50% e 9,3% afirmaram que aumentaram significativamente, entre 15 e 30%.
De acordo com a pesquisa, 88% dos argentinos consideram a situação econômica ruim. A percepção negativa piorou desde novembro do ano passado, quando esse índice era de 76%. Quando perguntados sobre sua economia familiar, 57% consideram estar em situação ruim e 80% acham que a situação do mercado de trabalho está ruim.
Na expectativa para daqui a seis meses, 47% dos argentinos acham que a economia vai piorar, contra 43% que acreditam que vai melhorar. A percepção negativa era de 25% em novembro.
Quanto à situação do mercado de trabalho, 52% acreditam que vai piorar, enquanto 41% consideram que vai melhorar. Sobre seu contexto familiar, 47% consideram que a sua economia familiar piorará, contra 41% que acham que irá melhorar.
A pesquisa, realizada a quase 100 dias do governo de Javier Milei, indica que 47,7% dos argentinos aprovam a atual administração, atingindo praticamente o mesmo índice de desaprovação, que chega a 47,6%. A maior aprovação do governo se dá entre homens, pessoas com idade entre 60 e 100 anos, seguidos por jovens de 16 a 24 anos.
O apoio a Milei é majoritário entre pessoas que contam com somente educação primária e também entre grupos de mais alta renda entre os entrevistados (mais de 500 mil pesos, ou cerca de 2,5 mil reais).
Entre os entrevistados, 45,1% consideram o governo ruim ou muito ruim, e 43,5% acham bom ou excelente. Milei, por sua vez, aparece com a maior imagem positiva entre os políticos citados, com 47%, mas conta com uma percepção negativa de 51%.
O político com maior imagem negativa entre os citados é Alberto Fernández, ex-presidente que acaba de deixar o poder, que tem, segundo a pesquisa, 84% de negativa, seguido pelo ex-ministro da Economia e candidato presidencial Sergio Massa, com 67%, e por Cristina Kirchner, que tem 61% de imagem negativa.
A pesquisa também indagou sobre a expectativa de compras de bens duráveis, como celulares, eletrodomésticos, carros ou motos, para os próximos seis meses. Dos entrevistados, 57,6% afirmaram que comprarão menos, 21,3% disseram que vão consumir mais e 21,1% afirmaram que não haverá variação em seu nível de compras.
A AtlasIntel indica ainda que 36,8% acham que o presidente vai dolarizar a economia, um porcentual menor do que em novembro, quando passava de 48% dos entrevistados acreditava na promessa. Os que não acreditam que ele irá dolarizar o sistema monetário chegam a 23%, praticamente o mesmo percentual de antes.
Sobre as iniciativas de Milei, 49% disseram estar a favor do megadecreto de mais de 300 artigos assinado pelo presidente para desregular a economia, eliminando diversas leis aprovadas pelo Congresso, enquanto 46% disseram estar contra.
Quando o assunto é dolarização, mais da metade está a favor: 52% disseram concordar com a medida, enquanto 35% são contrários à promessa do presidente.