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Feira de Santana: Médico que atendeu paciente de peruca e maquiagem discute com vereador em sessão

por Redação

O médico que usou maquiagem e peruca para atender uma paciente após uma situação considerada homofóbica, na cidade de Feira de Santana, a cerca de 100 quilômetros de Salvador, discutiu com um vereador durante sessão da Câmara de Vereadores do município.

O caso aconteceu na quarta-feira (28) e a sessão abordava o Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+. O médico Carlos Lino participou da cerimônia, falou sobre a luta pela valorização da diversidade, mas sua apresentação terminou em discussão com o vereador Edvaldo Lima (MDB).

“É sempre uma felicidade ser convidado para falar de amor, de dignidade e respeito”, afirmou o médico durante o discurso.

Ao terminar de falar sobre a importância da união entre as bancadas na Câmara, o médico foi questionado pelo vereador em relação ao atendimento com a paciente, caso que ganhou repercussão nacional. Em seguida, a discussão se iniciou.

  • Médico Carlos Sino: “Eu não sou surda, vamos agir com decoro”.
  • Vereador Edvaldo Lima: “Eu quero saber qual a sua postura perante a medicina? O Código de Ética da Medicina. Eu ouvi atentamente ele, então atentamente ele vai me ouvir e depois responder”.
  • Vereador Edvaldo Lima: “Eu gostaria que o senhor me desse a resposta, não sobre a questão da sexualidade, porque nós não estamos discutindo sexualidade, não toquei nesse microfone para falar de sexualidade. Eu falei da prestação de serviço de uma categoria tão essencial, tão importante nesse país que é a questão médica”.
  • Médico Carlos Sino: “Se o senhor chegasse morrendo no plantão e eu te atendesse, você preferia morrer ou ser salvo?”
  • Vereador Edvaldo Lima: “Deixa eu terminar, por gentileza”.
  • Médico Carlos Sino: “Eu coloquei uma peruca no plantão e você chegou precisando de mim. Você prefere morrer ou ser salvo por mim?”.
  • Vereador Edvaldo Lima: “O senhor não afrontou a paciente grávida?”
  • Médico Carlos Sino: “Eu estou afrontando o senhor agora, porque eu vou te perguntar…”
  • Vereador Edvaldo Lima: “Isso não me afronta. Eu tenho um Deus tão poderoso em mim que não ando com medo. Se o senhor pensou que esse vereador aqui é um homem de medroso, pode ter certeza que não é, sou muito corajoso, porque tenho um espírito excelente de Deus na minha vida. Agora a paciente tem que ser bem tratada”.
  • Médico Carlos Sino: “Nesse tom a gente não vai conversar. Seja educado que eu sou visita. Alguém me oferece uma água”.

O caso aconteceu no dia 4 de junho, no Hospital da Mulher, quando uma gestante reclamou por ter sido atendida por um médico gay e o colega do profissional decidiu finalizar a consulta da paciente usando peruca e maquiagem, como forma de protesto.

Dois dias depois, o vereador Edvaldo Lima solicitou que o diretor da unidade desse explicações sobre a atitude do médico. Para o político, que discursou na Câmara Municipal, o profissional da saúde agiu contra a ética médica.

“A paciente não se sentiu segura e outro médico a atendeu de maneira que foi divulgada nas redes sociais. Isso vai contra a ética médica e é necessário respeitar o paciente”, afirmou o vereador em postagem em uma rede social.

O requerimento do vereador foi protocolado na Câmara Municipal. O político disse ainda que é um direito do paciente pedir para não ser atendido por determinado profissional. Ele comparou a situação a sua preferência por se consultar com médicos do sexo masculino.

“Eu só vou ao médico masculino, mas entendo que há pessoas que preferem ser atendidas por mulheres. Entendo que é um direito sagrado do cidadão”, escreveu.

Ainda segundo o vereador, a situação causou constrangimento na paciente. Em uma rede social, ele ainda disse que é preciso respeitar as orientações sexuais, mas “não se pode colocá-las ‘goela abaixo’ na vida dos outros”.

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