O Ministério Público do Paraguai publicou uma nota oficial, nesta quinta-feira (3), na qual informa que abriu um processo criminal para investigar uma suspeita de espionagem digital pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que teria como alvo autoridades e agências paraguaias.
Na terça-feira (1º), o governo do Paraguai anunciou que convocou o embaixador do Brasil em Assunção, José Antônio Marcondes, para cobrar explicações sobre o suposto monitoramento da Abin ao sistemas do país vizinho.
Um funcionário da Abin afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que a atual gestão do órgão teria mantido operações de invasão hacker a sistemas do governo do Paraguai e de autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu.
O depoimento faz parte da investigação sobre uma suposta estrutura paralela existente na agência de inteligência (entenda mais abaixo).
“Segundo relatos, essas ações teriam como objetivo obter informações confidenciais relacionadas às negociações tarifárias da Usina Hidrelétrica de Itaipu, afetando supostamente os gabinetes de altos funcionários nacionais, incluindo o Presidente da República, membros do Congresso, o corpo diplomático e autoridades da ANDE”, diz a nota do MP.
“O Ministério Público reafirma seu compromisso com a proteção da soberania nacional e dos direitos fundamentais contra qualquer forma de interferência indevida e dará continuidade às investigações na forma da lei”, prossegue.
De acordo com o depoimento, a ação tinha como objetivo obter dados sigilosos sobre valores em negociação no Anexo C do Tratado de Itaipu.
O governo está negociando com o país vizinho as condições de comercialização da energia gerada na usina.