A trajetória vitoriosa com as camisas dos dois maiores clubes da Bahia e a identificação de uma vida inteira com a terra do axé renderam ao ex-jogador, treinador e empresário, Carlos Eduardo Casagrande, mais conhecido como Preto Casagrande, o Título de Cidadão Baiano, concedido na tarde desta quinta-feira (23), pela Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). A honraria, proposta pelo deputado Bobô (PC do B), outro ex-atleta que marcou o nome da história do futebol baiano, foi entregue durante uma sessão especial realizada no Plenário Orlando Spínola.
Bicampeão do Campeonato do Nordeste tanto pelo Bahia quanto pelo Vitória, e campeão estadual pelas duas equipes, Preto criou raízes no território baiano, onde fixou residência, casou-se e teve filhos. Com o fim da carreira como jogador de futebol, chegou a treinar o Esquadrão de Aço em 2017. Atualmente administra postos de combustível na Bahia, contribuindo com a geração de renda e emprego para a população local.
De acordo com Bobô, proponente da sessão e da homenagem, é necessário valorizar as pessoas que constroem legados na Bahia, independentemente da naturalização. “Não importa se nasceu aqui ou não. O que importa é o sentimento da pessoa, a forma como ela começou a vida, a hombridade, a sinceridade, honradez, transparência e honestidade. E Preto tem essas características desde que começou a jogar futebol”, afirmou.
LÁGRIMAS
Levado às lágrimas em vários momentos da sessão, o homenageado agradeceu o carinho de amigos, familiares e admiradores que compareceram ao plenário nesta quinta-feira. “Como é importante me sentir acolhido, protegido e respeitado por um povo. Já são quase 30 anos, entre idas e vindas, tentando dar o meu melhor, para meu filho, amigos, funcionários, clientes, fornecedores, sempre buscando de alguma forma me adaptar e me sentir útil depois de tantos anos defendendo as cores dos dois maiores clubes da Bahia e do Nordeste. Bahia e Vitória estão tatuados no meu coração e nas minhas melhores lembranças. Foi através deles que me tornei homem, que ganhei, que perdi, errei e acertei, que me transformei em um ser humano bem melhor”, afirmou.
Em pronunciamento na tribuna, Preto contou ser constantemente indagado qual o seu time preferido da dupla BA x VI, mas ele ressalta que no seu coração há espaço para os dois. “Só vai entender quem tem mais de um filho. Impossível dar um tratamento diferente para um ou para o outro. Impossível amar mais um do que o outro”, frisou.
Integrante da Comissão de Desporto, Paradesporto e Lazer, da ALBA, presidida por Bobô, e declaradamente apaixonado por futebol, o deputado Matheus Ferreira (MDB) reiterou o merecimento de Preto Casagrande como cidadão baiano. “Ele é uma referência baiana, pessoal, familiar, e, acima de tudo, um cara que demonstra igualdade, respeito e empatia, e que sempre construiu. Hoje ele está colhendo frutos e alegrias graças ao seu trabalho. Preto, você merece tudo isso”, disse.
Acompanharam a entrega do Título de Cidadão Baiano nesta quinta, personalidades como o vice-governador do Estado, Geraldo Júnior; diretor-geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Vicente Neto; o defensor público e auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Baiana de Futebol, Pedro Paulo Casali, que no evento representou da defensora pública geral do Estado, Firmiane Venâncio; o pai do homenageado, Darci Casagrande; os filhos do homenageado, Rafael Casagrande e Camila Maria Casagrande; a esposa do homenageado, Mariana Barreto; o CEO da ND Produções, Nelson Sena; o diretor da divisão de base do Palmeiras, João Paulo; o vice-presidente da Shell Distribuidora, Antônio Cardoso; os empresários, Augusto Filho, Marinaldo Brito; os ex-jogadores do Bahia, Gil Sergipano e Sandro; e o ex-deputado, Marcell Moraes.
TRAJETÓRIA
Nascido no município paranaense de Cascavel no dia 7 de maio de 1975, Preto Casagrande foi revelado para o futebol nas categorias de base do Vasco, em 1994. Teve breve passagem pelo Olaria em 1996, mas ganhou projeção nacional no Esporte Clube Vitória entre os anos de 1997 e 1999, quando foi bicampeão nordestino e conquistou dois títulos estaduais. Em 2000, foi contratado pelo Vitória de Guimarães, de Portugal, onde não permaneceu por muito tempo, retornando para o Brasil para defender as cores do Esporte Clube Bahia.
No tricolor baiano, voltou a ser bicampeão da Copa do Nordeste, e conquistou mais um campeonato baiano. Em 2001, Preto levou a Bola de Prata como melhor volante do Campeonato Brasileiro. Em 2002, após uma passagem pelo Atlético Paranaense, voltou ao Bahia. Em 2004, jogou pelo Santos, onde foi campeão brasileiro. Foi contratado pelo Fluminense, em 2005, para participar do Carioca, do qual foi campeão. No mesmo ano, levou o vice-campeonato da Copa do Brasil. Após uma passagem pelo Fortaleza, retornou ao Vitória para participar da promoção do time baiano à Série B, em 2006. Teve outro retorno no ano seguinte ao Bahia, e encerrou sua carreira como jogador no Volta Redonda, em 2009.