O presidente da Bolívia, Luis Arce, negou na quinta-feira (27) qualquer envolvimento ou conhecimento prévio de uma tentativa fracassada de golpe liderada pelo ex-comandante militar do país, que alegou que o presidente havia lhe pedido para fazer algo para aumentar sua popularidade.
“Nunca fomos informados sobre suas intenções”, disse Arce aos repórteres durante uma coletiva de imprensa na sede do governo. “Ficamos surpresos.”
A mobilização de unidades militares na quarta-feira (27) viu o comandante militar do país, Juan José Zúñiga, reunir tropas na praça principal da capital La Paz, rompendo uma porta do palácio com um veículo blindado para permitir que os soldados entrassem no prédio.
Zúñiga, que logo foi preso, disse aos repórteres que Arce havia lhe pedido para ajudar a aumentar a popularidade.
A agência de notícias local Fides informou que Zúñiga disse à polícia que Arce o havia autorizado, três dias antes, a mobilizar os veículos blindados “com o objetivo de controlar a situação de conflitos no país”.
Mais cedo na quinta-feira, o ministro do Interior, Eduardo del Castillo, afirmou em uma entrevista que Arce havia recebido relatos de “tentativas de desestabilização”, embora o governo não soubesse mais nada naquele momento.
Arce disse que Zúñiga “agiu por conta própria” e, ao saber do que estava acontecendo, o líder ligou para o ex-presidente Evo Morales, seu antigo aliado que se tornou rival político, para avisá-lo.
“Estava claro que eles estavam vindo atrás de mim”, declarou Arce, “e depois estavam indo atrás de Evo Morales”.
Zúñiga foi preso junto com o ex-comandante da Marinha Juan Arnez Salvador, disse Del Castillo. Mais tarde, ele afirmou que 17 pessoas tinham sido detidas, mas havia “muitas outras que participaram”.