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09/08/2024 às 0:24 há 14 horas | Autor: Fernando Valverde e Lula Bonfim
ELEIÇÕES
Confira resumo do debate de prefeituráveis de Salvador na Band
Bruno Reis, Geraldo Júnior e Kléber Rosa debateram propostas e apontaram contradições nos adversários
Kléber Rosa, Geraldo Júnior e Bruno Reis durante debate da TV Band Bahia
Kléber Rosa, Geraldo Júnior e Bruno Reis durante debate da TV Band Bahia – Foto: Jefferson Peixoto
Os principais candidatos à prefeitura de Salvador em 2024 compareceram na noite desta quinta-feira, 8, à sede da Band Bahia, para o primeiro debate televisivo da campanha eleitoral. O prefeito Bruno Reis (União Brasil), o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e o sindicalista Kléber Rosa (PSOL) debateram, por aproximadamente 2 horas, propostas para a cidade e aproveitaram o espaço para apontar as contradições de seus adversários.
No primeiro bloco, os candidatos foram questionados pela emissora sobre um dos principais problemas sociais de Salvador: a grande quantidade de pessoas em situação de rua, especialmente na região do Centro Antigo.
Kléber Rosa lembrou sua origem humilde, apontando que seu pai foi sem-teto e que sua mãe foi sem-terra, o que lhe conferiria uma maior empatia diante do problema.
“Sei exatamente o que é chegar no fim do mês e ter que escolher entre fazer o mercado e ter que pagar o aluguel. Para mim, garantir que essas 5 mil pessoas tenham uma moradia digna é prioridade. A minha vice, Dona Mira, é uma ativista, fundadora do Movimento Sem Teto em Salvador, e tem um histórico acúmulo de luta pelo direito à moradia e inclusive mora em uma casa conquistada pela luta do Movimento Sem Teto”, sinalizou Kléber Rosa.
“Vou fazer uma grande plenária em Salvador com os movimentos de moradia e ter um programa próprio, para além do Minha Casa Minha Vida, um programa municipal que garanta moradia digna e um lar para todas as pessoas na nossa cidade de Salvador”, acrescentou o candidato do PSOL.
Geraldo Júnior, por outro lado, aproveitou seu espaço de dois minutos para criticar a prefeitura de Salvador, devido aos números altos referentes à desocupação na capital baiana. O candidato, porém, acabou não respondendo sobre as pessoas em situação de rua.
“Nós sabemos que, infelizmente, Salvador é a capital da desnutrição infantil, da desocupação. Nós temos mais de 256 mil homens e mulheres que estão desempregados, que não têm carteira assinada. Nós temos, no mercado informal da cidade, mais de 500 mil trabalhadores que aguardam com expectativa uma oportunidade de emprego, uma oportunidade de transformar seus sonhos em realidade”, afirmou Geraldo.
Bruno Reis usou seu tempo para falar do que sua gestão fez na área e sinalizar o que deve ser feito em um possível segundo mandato. De acordo com o prefeito, ainda há muito trabalho para ser feito no acolhimento às pessoas em situação de rua.
“Quando nós chegamos para governar esta cidade deixada por eles, Salvador tinha apenas 100 vagas para pessoas em situação de rua. Era essa a política que a cidade tinha. De lá para cá, fizemos uma verdadeira transformação”, disse Bruno Reis.
“É verdade que, com a pandemia, houve um ‘boom’, no Brasil como um todo, no aumento das pessoas em situação de rua. Mas aqui em Salvador, após o primeiro censo da história que nós realizamos, identificamos 5300 pessoas em situação de rua e sabemos agora, precisamente, o grau, a situação e o estágio em que está cada um. Para uma pessoa que está em situação de rua porque está desempregada, a primeira porta de entrada é a unidade de acolhimento, onde temos 1400 vagas. Lá, a gente tira documento, orienta para o mercado de trabalho e coloca depois no aluguel social — que era 100 reais na época deles e agora é 400 reais, com um kit moradia”, detalhou o prefeito.
“Se é um caso mais grave, tem a moradia assistida, com acompanhamento psicossocial. Se está em um estado de dependência de substâncias psicoativas, nós temos 385 vagas para acolher essas pessoas. As pessoas em situação de rua em Salvador vão para os alugueis sociais ou para as unidades de acolhimento e só saem quando recebem a moradia definitiva. É público prioritário do Minha Casa Minha Vida. E a prefeitura, em todos os empreendimentos que constroi, disponibiliza vagas para pessoas em situação de rua. Nós vamos trabalhar muito para mudar essa realidade”, concluiu Bruno Reis.
Segundo bloco
Na segunda parte do debate, os candidatos foram arguidos pelos jornalistas presentes no embate e tiveram suas respostas comentadas por um adversário.
Questionado sobre as condições de moradia em Salvador, que, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), possui 4 em cada 10 moradias em área de risco, o candidato Kléber Rosa criticou a gestão Bruno Reis.
“É uma questão extremamente séria e importante e que diz respeito ao direito à vida das pessoas. Salvador convive com graves problemas quando chove, tem alertas permanentes em 14 regiões. E há uma ausência de política séria de valorização da moradia em Salvador. Enquanto o prefeito investe na orla e em grandes obras, não cuida do mais importante que é a dignidade do povo”, disparou o psolista.
Sorteado para comentar, Geraldo fez coro e se juntou à Kléber no ataque ao prefeito. “Eles estão de frente para a orla e de costas para a cidade”, cutucou o vice-governador.
Ao falar sobre desemprego, Geraldo Júnior voltou a afirmar que o tema da desocupação é um dos principais a serem levantados na atual gestão de Salvador e apontou que investirá em políticas públicas de captação de talentos, sustentabilidade e outras formas de economia.
Ao comentar, Bruno Reis voltou suas críticas para o governo do estado, do qual Geraldo Jr. faz parte, e elencou uma série de ações que promoveu nas áreas de risco em Salvador, respondendo de forma cruzada a um comentário anterior feito por Kléber Rosa.
Na sua vez de ser perguntado, Bruno foi questionado sobre em que termos seria a sua relação com o governo do estado e o governador Jerônimo Rodrigues em caso de reeleição.
“Já governei com dois presidentes e dois governadores diferentes. E vocês se acostumaram a ver o prefeito nas ruas trabalhando e Salvador caminhando com as próprias pernas. Procurei a todos, levei propostas, projetos, iniciativas e sou um homem do diálogo. Essa história de que, para ser um bom prefeito é preciso ser do mesmo partido, não existe. É preciso ter capacidade e conhecer a cidade”, defendeu o gestor municipal.
No comentário, Kléber Rosa voltou a criticar Bruno e a afirmar que o mesmo “se exime das responsabilidades” naturais para um prefeito de Salvador.
Em novo embate direto, Kléber Rosa partiu para o ataque e lembrou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi articulado pelo MDB, partido de Geraldo Jr., e o apoio do atual vice-governador ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante as eleições de 2018.
Após o resgate, questionou se Geraldo, dado esse histórico, não teria vergonha de colar sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que não foi respondido diretamente pelo emedebista, que preferiu partir para o ataque ao prefeito Bruno Reis, o que causou irritação ao psolista.
“Queria lamentar pelo senhor não dialogar comigo e insistir em atacar o prefeito enquanto quem está aqui com você sou eu”, ressaltou Kléber Rosa.
Terceiro bloco
O terceiro momento do debate se iniciou com a emissora utilizando um sistema do Google para escolher um tema para os candidatos se debruçarem. Segundo o mecanismo de pesquisa, “telemedicina” foi o termo mais buscado por internautas em Salvador durante o debate.
“A pandemia quebrou diversos paradigmas. Um deles foi a chegada da telemedicina. Não tenham dúvidas de que, para reduzir o custo e oferecer um serviço de maior qualidade, é necessário implantar a telemedicina na Saúde como um todo. Para isso, é preciso investir em tecnologia e inovação. Hoje, nós passamos 900 km de infovia na cidade. Todos os prédios públicos têm internet rápida e gratuita. O passo seguinte é implantar a telemedicina, tendo a UPA Digital, que poderá atender os pacientes menos graves, chamados popularmente de pulseiras verdes e azuis”, argumentou Bruno Reis.
Para Geraldo Júnior, o tema escolhido foi “transporte escolar”. O vice-governador criticou o trabalho da prefeitura de Salvador na área, lembrando a defasagem na cobertura de creches na cidade.
“Nós temos em Salvador uma péssima qualidade das creches. Não há cobertura superior a 30% da demanda de creches. Não há uma atenção especial à pré-escola. Imaginem que o Ensino Fundamental I e II são de responsabilidade da prefeitura de Salvador. Mas são quase 72 mil jovens que estão sob a responsabilidade do governo do estado. E essa é uma preocupação atrelada ao transporte escolar de Salvador, que não é de boa qualidade, assim como não é o Ensino Infantil da nossa cidade”, criticou Geraldo.
O candidato Kléber Rosa esperava ser questionado sobre “ciclovias”, mas acabou sendo perguntado sobre o tema “material escolar”, que, segundo o Google, passou a ser o termo mais pesquisado em Salvador durante as respostas de Bruno Reis e Geraldo Júnior.
“Sei da importância do material escolar chegar com subsídio para garantir que o estudante da escola pública tenha acesso ao livro didático. No entanto, a gente pensar que, para além do material em si, é muito importante que a gente discuta currículo. E eu quero falar do nosso compromisso com a inclusão da Lei nº 10.639 na Educação Municipal e levar de forma séria o debate da educação das relações étnicos-raciais. Nossa população é de maioria negra. Nós temos a cultura pulsante afro-brasileira. Nós temos aqui uma população linda, que nos orgulha, mas que infelizmente está de fora dos grandes espaços, dos espaços com o mínimo de dignidade e que também não está representado no material didático do ponto de vista do seu conteúdo”, apontou Kléber Rosa.
O debate foi concluído com os candidatos comentando sobre por que se acham capazes de governar Salvador. Geraldo iniciou falando sobre rever o transporte público rodoviário, tirando de circulação os ônibus velhos e sem ar condicionado, devolvendo as linhas que foram encerradas; estabelecer novas creches, recuperando a cobertura da atenção à primeira infância na Educação; e trazer 10 novas policlínicas em parceria com o governo federal.
Kléber Rosa chamou a população para construir um projeto popular para Salvador e afirmou que tem compromisso real com a superação das dores do povo da cidade. Ele apontou que Geraldo e Bruno fazem parte do mesmo projeto, enquanto o PSOL teria a única candidatura de esquerda à prefeitura da capital.
Por fim, o prefeito Bruno Reis afirmou que deseja ser prefeito novamente para que o grupo político de Geraldo Júnior não retorne ao comando da cidade. Segundo o gestor municipal, “eles destruíram a cidade”. Durante sua fala, o candidato do União Brasil citou projetos que estão em curso, como a nova Arena Multiuso, o teleférico entre Pirajá e o Subúrbio e o Centro de Convenções do Centro Histórico.