Os corpos de 45 indianos que morreram num incêndio num alojamento para trabalhadores no Kuwait foram transportados para a Índia nesta sexta-feira (14), enquanto familiares enlutados e especialistas pedem que Nova Délhi amplie a proteção à vida dos que trabalham no estrangeiro com o objetivo de enviar dinheiro para casa.
É provável que um curto-circuito elétrico tenha causado o incêndio de quarta-feira (12) no conjunto habitacional de Mangaf, uma cidade costeira ao sul da capital Kuwait. Os trabalhadores indianos estavam entre as 49 pessoas que morreram. Outros 33 estão sendo tratados em hospitais.
A televisão mostrou famílias enlutadas esperando no aeroporto para receber os corpos de seus entes queridos. Na chegada, os caixões com fotos dos falecidos foram colocados em mesas separadas no complexo de carga do aeroporto.
Famílias, amigos, ministros e funcionários prestaram homenagens enquanto a polícia lhes dava uma guarda de honra.
Vinte e três dos 45 eram do estado de Kerala, no sul da Índia, e seu ministro-chefe, Pinarayi Vijayan, classificou o acidente como “uma tragédia nacional”.
“Esta é a maior tragédia envolvendo migrantes. Consideramos os migrantes como a nossa tábua de salvação. É uma grande perda para o estado”, disse ele aos jornalistas.
Milhões de trabalhadores estrangeiros constituem a maioria da força de trabalho no Kuwait e em alguns dos seus vizinhos do Golfo, e vivem frequentemente em alojamentos lotados.
Na quinta-feira (13), os promotores do Kuwait ordenaram que um cidadão e vários residentes fossem detidos sob custódia por acusações de homicídio culposo devido a negligência na segurança do edifício.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia disse que 176 trabalhadores viviam lá.
Os outros mortos incluíam três trabalhadores filipinos, disse o ministério dos trabalhadores migrantes filipinos, acrescentando que mais dois estavam hospitalizados e em estado crítico.
As autoridades locais não divulgaram o tipo de emprego em que os trabalhadores estavam envolvidos, embora, tal como noutros estados do Golfo, o Kuwait dependa fortemente de mão-de-obra estrangeira em indústrias como a construção civil.
Cerca de 13 milhões de indianos trabalham no estrangeiro – mais de 60% dos quais em países do Golfo – de acordo com informações partilhadas com o parlamento pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano em 2023. O Kuwait é o terceiro país com quase 850.000 migrantes indianos.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia afirma ter um “mecanismo robusto” para monitorar as condições de trabalho no exterior. Mas os comentaristas disseram que era preciso fazer mais.
O incêndio no Kuwait “é um lembrete das péssimas condições de trabalho de uma grande, e muitas vezes ignorada, parte da diáspora indiana”, afirmou o Indian Express num editorial nesta sexta-feira (14).
