Além dela, outros vários influenciadores fazem o mesmo, vendendo prosperidade para o público em vulnerabilidade social
O vício em jogos de azar e casas de apostas, chamadas popularmente de ‘bets’, escancaram uma realidade assustadora que afeta diretamente os mais pobres no Brasil, enganados por uma suposta promessa de prosperidade feita por influenciadores, que enriquecem às custas disso.
Segundo estimativa do Banco Central (BC) divulgada em abril, a população gasta cerca de R$30 bilhões por mês no país atualmente, aumentando o fluxo de empréstimos e comprometendo gastos essenciais nos lares, a exemplo da compra de alimentos e pagamentos de aluguel. Ou seja, muitos estão preferindo apostar e perder tudo do que se manter, se tornando um problema de saúde pública.
Em meio a isso, influencers vendem a ilusão de que ganhar com estes jogos é possível, o que não é verdade, para incentivar o público a seguir gastando. Para a consultora de relações étnico-raciais e de gênero, Tainara Ferreira, o caso de enriquecimento sob a desgraça alheia é mais uma maneira de opressão e abuso contra os menos favorecidos, sendo a maioria negros.
Em vídeo publicado nas redes sociais, a especialista usa como exemplo a blogueira Sthefane Matos, que acumula mais de 11 milhões de seguidores no Instagram e também promove jogos de azar. Em crítica aos influenciadores que, assim como Sthefane, usam de poderes nas redes sociais para enganar ainda mais os outros, sempre visando o lucro, ela ressalta:
“A internet continua sendo palco de gente que são zero irrelevantes. Estas pessoas se aproveitam dos mais necessitados para conseguir contratos milionários de apostas de diversos tipos que só favorecem os envolvidos neste circo”, finalizou..
Muitas vezes usando o nome de Deus para referendar uma estratégia para que mais pessoas usem as plataformas e participem de sorteios, a situação se mostra ainda mais delicada.
“Existe uma lógica capitalista aí, de pegar a sensibilidade das pessoas em nome de uma fé, da mesma forma que lá atrás com a escravidão, que foi justificada na mesma linha. Até quando a gente vai ter essas influências irrelevantes aqui na rede social?”, indagou Tainara.