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ASSEMBLEIA LANÇA LIVRO QUE ABORDA A EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA

por Redação

Em concorrido evento que lotou o Auditório Jornalista Jorge Calmon, a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) lançou, na tarde desta quarta-feira (29), o livro “Educação Antirracista com gosto de dendê e cheiro de pitanga: orientações pedagógicas negrorreferenciadas”, uma obra organizada pela professora doutora Mabel Freitas com autores que abordam quatro áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas.

A obra recebeu o apoio do Legislativo baiano por meio do Programa ALBA Cultural. Em discurso durante a cerimônia, o presidente da ALBA, deputado Adolfo Menezes, destacou a honra de participar do evento que reuniu talentos de grandes áreas do conhecimento e informou que todos os municípios baianos serão agraciados com exemplares do livro para distribuição nas escolas. “Como presidente deste poder, coloco a Casa à disposição para promover estes debates que podem tornar a sociedade mais esclarecida no combate ao racismo, um problema que ainda persiste em nosso cotidiano”, externou o presidente, que parabenizou Mabel Freitas pela organização da obra lançada. A secretária de Educação do Estado da Bahia, Adélia Pinheiro, disse reconhecer publicamente, ao mesmo tempo, o desconforto e o engajamento em relação ao tema. “Nossas as escolas estão preparadas para que a realidade se torne diferente”, apontou.

Também autora do capítulo intitulado “O pretagonismo cênico-pedagógico antirracista do Teatro Negro brasileiro”, a organizadora da obra, Mabel Freitas, mulher preta feminista antirracista, agradeceu a todas as pessoas que colaboraram pela concretização do livro, em especial o presidente da ALBA, Adolfo Menezes, a presidente do Instituto Assembleia de Carinho, Denise Menezes, e o editor Paulo Bina com sua equipe. “O presidente é um grande aliado nesta luta antirracista e colocou o programa ALBA Cultural à disposição deste projeto”, frisou. Mabel também informou que o suporte da ALBA permitiu a disponibilização do livro para todo o Brasil no formato digital e-book.

AUTORES

Ao falar da escolha dos autores para construção da obra, Mabel Freitas explicou que procurou pessoas pretas que primam pela educação antirracista em suas áreas de estudo. Em sua apresentação, ela ainda justificou o título do livro: “a obra tem gosto de dendê porque o dendê é o óleo vegetal presente na culinária africana que dá um sabor especial, e tem cheiro de pitanga porque ela tem um aroma peculiar que desperta a criatividade”.

O professor, advogado, poeta e doutor Sérgio São Bernardo é autor do capítulo “Elementos para um programa de justiça comunitária/restaurativa libertária da base africana”. Ele afirmou que a obra traz uma contribuição para uma nova justiça à África. Responsável pelo capítulo “Ensaio sobre perspectivas teórico-críticas da colonialidade para uma democracia racial a partir da realidade brasileira”, o professor, doutor, advogado e historiador Tiago Silva de Freitas relatou que todas as pessoas têm muito a ganhar com os contributos registrados no livro.

Com participação remota através de videoconferência, o professor Bruno Rodolfo Martins falou sobre a sua experiência ao levar a capoeira de angola para as escolas da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro. Ele é autor do capítulo “O racismo ao pé do berimbau: ou quando a Educação Física entra na roda de capoeira”. A cantora lírica e doutoranda em educação musical, Irma Ferreira, é autora da contribuição intitulada “O negro no canto lírico brasileiro”. Ela foi a responsável por cantar o Hino ao 2 de Julho na abertura da solenidade ao lado do músico Daniel Vieira, e também entoou um canto ao orixá Xangô, considerado o Deus da Justiça.

A cantora explicou ainda que seu artigo resgata a história de pessoas negras que foram invisibilizadas e passaram pelo processo de apagamento no canto lírico. Lissandra Patrícia, por sua vez, cientista, mulher preta, mãe e antirracista, assina o capítulo “Corpo e Dança na infância: práticas afroreferenciadas no ensino”. Ao discursar no evento, ela citou o provérbio africano que diz “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado” para enaltecer a importância da obra na luta contra o racismo.

A professora de inglês da rede municipal de São Paulo, Dinalva Todão, discorre sobre “O perigo da hegemonia do ensino de língua inglesa”. Em sua obra, a pesquisadora detalha como ensina o idioma a partir da perspectiva afrorreferenciada no chão da sala de aula. Também docente na rede municipal de São Paulo, o professor Jeferson Todão dos Santos aborda, no livro, a história da matemática no continente africano. Ele destacou que a África é o berço de diversas áreas do conhecimento e lembrou que o continente abrigou as primeiras cinco universidades do mundo. Com temática semelhante, o historiador Carlos Eduardo Dias Machado assina o artigo “Ciência, tecnologia e inovação africana”. “É importante sabermos que a base do conhecimento de todo o mundo começa no continente africano”, ressaltou.

Além dos autores e oradores já mencionados, o ato de lançamento teve os seguintes convidados para integrar a mesa: a deputada Fabíola Mansur (PSB); a presidente do Instituto Assembleia de Carinho, Denise Menezes; o diretor da Superintendência de Prevenção à Violência, major Jerônimo Ribeiro, representando o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner; e o delegado Ricardo Amorim, coordenador do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis. Também esteve presente na solenidade a deputada Fátima Nunes (PT).

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