Luciano Huck se envolveu em uma polêmica por conta de um vídeo dos bastidores de sua viagem ao Parque Indígena do Xingu, realizada em agosto deste ano. As imagens, divulgadas na última quinta-feira (5), mostram o apresentador orientando integrantes da equipe e indígenas sobre como deveriam aparecer nas gravações, incluindo pedidos para evitar celulares e retirar peças de roupa consideradas “não tradicionais”.
No registro, de pouco mais de um minuto, Huck aparece ao lado de Anitta, que o acompanhou na visita, enquanto é avisado que um indígena usando uma camiseta amarela havia entrado no enquadramento. Ele então solicita que a pessoa seja retirada do plano. “Tira a roupa”, diz, seguido de: “É, limpa a cultura de vocês aí”.
A fala gerou críticas de internautas, que acusaram o comunicador de interferir na forma como os povos locais são representados. “A colonização segue seu curso. Que cena desgraçada, meu Deus do céu”, detonou um usuário do X (antigo Twitter). “Achei q não ia conseguir me surpreender com Huck mas essa foi demais”, escreveu outra. “Que coisa absurda meu Deus”, disparou mais uma.
Na época da visita, Huck publicou um carrossel com 12 fotos do encontro com lideranças como o cacique Raoni Metuktire. Nas imagens, apenas Raoni aparece de camisa; os demais surgem sem o traje, reforçando as suspeitas de “padronização” da estética.
O vídeo também mostra o apresentador pedindo que celulares não aparecessem nas filmagens: “Quanto mais celulares vocês aparecem, eu acho que menos é a cultura de vocês. Quando aparece vocês de celular, mexe na cultura original”.
Organização indígena se manifesta
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) divulgou uma nota neste sábado (6) repudiando as declarações de Huck. A entidade afirmou que os povos indígenas não existem para compor “uma foto bonita” e classificou a postura do apresentador como parte de uma narrativa colonial “que tenta definir como devemos existir”.
A Coiab também reforçou que culturas indígenas não precisam ser “limpas” e que cada pessoa carrega sua história nas práticas, nas memórias e nas formas contemporâneas de existir. “Possuir um celular não torna um parente menos indígena”, diz a nota, que defende o acesso à tecnologia como um direito.
Huck se explica
Após a repercussão, Luciano Huck publicou um posicionamento nas redes sociais afirmando que sua relação com comunidades indígenas “atravessa décadas” e negando qualquer tentativa de impor padrões culturais. Ele classificou o episódio como uma escolha pontual de “direção de arte” durante a gravação.
“Não se tratou de impor qualquer tipo de limitação cultural ou de consumo. Foi apenas uma decisão de direção de arte, um ajuste pontual dentro do contexto de um set de filmagem”, declarou.